O Impecável
"Um homem que dorme tem em círculo à sua volta o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos. Consulta-os instintivamente ao acordar, e neles lê num segundo o ponto da terra que ocupa, o tempo que decorreu até ao seu despertar; mas as respectivas linhas podem misturar-se, quebrar-se." Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido



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terça-feira, maio 24, 2005

Espiral da história


«SR. PRESIDENTE DO MINISTÉRIO:
Duas palavras apenas, neste momento que V. Exa., os meus ilustres colegas e tantas pessoas amigas quiseram tornar excepcionalmente solene.
Agradeço a V. Exa. o convite que me fez para sobraçar a pasta das Finanças, firmado no voto unânime do Conselho de Ministros, e as palavras amáveis que me dirigiu. Não tem que agradecer-me ter aceitado o encargo, porque representa para mim tão grande sacrifício que por favor ou amabilidade o não faria a ninguém. Faço-o ao meu País como dever de consciência, friamente, serenamente cumprido. Não tomaria, apesar de tudo, sobre mim esta pesada tarefa, se não tivesse a certeza de que ao menos poderia ser útil a minha acção, e de que estavam asseguradas as condições dum trabalho eficiente.
V. Exa. dá aqui testemunho de que o Conselho de Ministros teve perfeita unanimidade de vistas a este respeito e assentou numa forma de íntima colaboração com o Ministério das Finanças, sacrificando mesmo nalguns casos outros problemas à resolução do problema financeiro, dominante no actual momento. Esse método de trabalho reduziu-se aos quatro pontos seguintes:
a) que cada Ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;
b) que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;
c) que o Ministério das Finanças pode opor o seu «veto» a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;
d) que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes Ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.
Estes princípios rígidos, que vão orientar o trabalho comum, mostram a vontade decidida de regularizar por uma vez a nossa vida financeira e com ela a vida económica nacional.
Debalde porém se esperaria que milagrosamente, por efeito de varinha mágica, mudassem as circunstâncias da vida portuguesa. Pouco mesmo se conseguiria se o País não estivesse disposto a todos os sacrifícios necessários e a acompanhar-me com confiança na minha inteligência e na minha honestidade – confiança absoluta mas serena, calma, sem entusiasmos exagerados nem desânimos depressivos. Eu o elucidarei sobre o caminho que penso trilhar, sobre os motivos e a significação de tudo que não seja claro de si próprio; ele terá sempre ao seu dispor todos os elementos necessários ao juízo da situação. Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar.
A acção do Ministério das Finanças será nestes primeiros tempos quási exclusivamente administrativa, não devendo prestar larga colaboração ao Diário do Governo. Não se julgue porém que estar calado é o mesmo que estar inactivo.
Agradeço a todas as pessoas que quiseram ter a gentileza de assistir à minha posse a sua amabilidade. Asseguro-lhes que não tiro desse acto vaidade ou glória, mas aprecio a simpatia com que me acompanham e tomo-a como um incentivo mais para a obra que se vai iniciar».
28 de Abril de 1928

Jagoz | terça-feira, maio 24, 2005 | |

quarta-feira, maio 18, 2005

Memories


Recordei-me ontem, na situação mais improvável.
Meados de Novembro, à tarde. Na praia do Sul, deserta de gente e com a companhia de gaivotas pela areia. Silêncio humano. O céu encoberto, o mar rugindo e uma morrinha salgada empurrada pela maresia contra a cara. Nas mãos, Temor e Tremor. Anoitece, volto para cima com o azul a escurecer, as luzes a acenderem. Como que caminhando num presépio, ruminando no que li. Sem ver ninguém até chegar lá acima, onde compro uns queques e passeio pela vila, escurecida e húmida. Semi-vazia, autêntica. Entro num tascoso perto do jogo da bola. Reencontro amigos.
Pontos altos da vida.

Jagoz | quarta-feira, maio 18, 2005 | |

terça-feira, maio 03, 2005

Resolver a questão


Flanando pela nossa oferta televisiva, deparei-me ontem com um debate (?) acerca do referendo sobre a despenalização do aborto. Falava a nossa ilustre arquitecta Helena Roseta. E queixava-se do «extraordinário» facto de «andarmos há 30 anos para resolver isto do aborto». Ele é atrasos, ele é obstáculos «e no fim nunca mais resolvemos isto». Debrucemo-nos sobre a honestidade do argumento.
Nos últimos 30 anos, foi aprovada uma lei que possibilita a realização do aborto; a lei foi posteriomente modificada; e, finalmente, foi submetida à consulta popular, por via de referendo, a possibilidade de se alterar uma vez mais a legislação vigente. O povo recusou a iniciativa. Perante este percurso (de 30 anos) a senhora arquitecta Helena Roseta conclui: «isto está por resolver».
Eis um eloquente exemplo de como se faz o debate democrático em Portugal e do profundo respeito que certa classe política nutre pelas ideias que não são as suas. O facto de sucessivas maiorias parlamentares e de uma maioria popular referendária se terem oposto à mudança da lei em vigor não é, para Helena Roseta, uma legítima e inatacável expressão da soberania popular ou -- ridículo! -- uma manifestação do regular funcionamento de um sistema democrático que cumpre mansamente respeitar. Toda a gente sabe -- Helena Roseta sabe! -- que «a democracia é moderna» e isso de ser contra a despenalização do aborto é bafiento e antigo; e que o que é verdadeiramente o espírito do nosso tempo é não deixar a situação num atoleiro -- o estado actual das coisas é, naturalmente, um atoleiro -- e «resolvê-la» -- porque do que se trata é de «resolver» a situação, como se esta fosse uma anódina minudência técnica que, num espírito minimamente iluminado, só admite uma opinião. A soberania parlamentar e a soberania popular só valem, pois, se se manifestarem no sentido correcto. E se não o fizerem, tentar-se-á repetidamente até que se aprenda.
Helena Roseta tem a subtileza, a candura e a fina sensibilidade democrática de D. Pedro IV: «queiram ou não queiram, os Portugueses vão ser livres».

Jagoz | terça-feira, maio 03, 2005 | |

A ler

Patrick Gaumer, Le Larousse de la bande dessinée



Correspondence Between Stalin, Roosevelt, Truman, Churchill and Attlee During World War II



Dietrich Schwanitz, Die Geschichte Europas



Dietrich Schwanitz, Bildung - Alles war man wissen muss



Niall Ferguson, Virtual History: Alternatives and Counterfactuals



Niall Ferguson, The House of Rothschild: Money's Prophets 1798-1848



Niall Ferguson, House of Rothschild: The World's Banker, 1849-1998



Joe Sacco, Safe Area Goradze



Joe Sacco, Palestine



Hugo Pratt, La Maison Dorée de Samarkand



John Kenneth Galbraith, The Affluent Society (Penguin Business)



Mary S. Lovell, The Sisters - The Saga of the Mitford Family (aconselhado pelo Jansenista)



Charlotte Mosley, The letters os Nancy Mitford and Evelyn Waugh (aconselhado pelo Jansenista)



Ron Chernow, Alexander Hamilton



Henry Fielding, Diário de uma viagem a Lisboa



AAVV, Budget Theory in the Public Sector



JOHN GRAY, Heresies: Against Progress and Other Illusions



CATHERINE JINKS, O Inquisidor, Bertrand, 2004



ANNE APPLEBAUM, Gulag: A History of the Soviet Camps, Penguin Books Ltd, 2004



António Castro Henriques, A conquista do Algarve, de 1189 a 1249. O Segundo Reino



Philip K. Dick, À espera do ano passado



Richard K. Armey e Dick Armey, The Flat Tax: A Citizen's Guide to the Facts on What It Will Do for You, Your Country, and Your Pocketbook



Jagdish N. Bhagwati, In Defense of Globalization, Oxford



Winston Churchill, My Early Life, Eland




A ver

Eraserhead (um filme de David Lynch - 1977)


Eraserhead (1977) Posted by Hello

Nos meus lábios, JACQUES AUDIARD, 2001



A Tua Mãe Também, ALFONSO CUARON, 2002



Pickup on South Street, SAMUEL FULLER



The Bostonians, JAMES IVORY (real.)



In the Mood for Love, KAR WAI WONG, 2001



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