Mais do mesmo
A (pré) campanha eleitoral corre os seus termos. Saltemos os pruridos: neste momento, não se discute outra coisa senão a inclinação sexual do candidato socialista. Seja de forma velada ou mais aberta.
A «maré» vem do lado laranja. Tentam poluir a imagem do concorrente adversário. Ninguém diz com todas as letras, como é natural, que o Secretário-Geral do Partido Socialista é homossexual. E ninguém o diz por duas razões. Primeiro, porque não têm a certeza -- se tiverem, não deixa de ser curioso e talvez seja até revelador. Em segundo lugar, porque se o dissessem não produziriam o efeito desejado. Se alguém disser que fulano A é homossexual, essa asserção não terá qualquer efeito na sua imagem de integridade para exercer um certo cargo. É homossexual? E então? Portugal é conservador; mas não é feito de trogloditas. Já a insinuação, porém, tem outro efeito -- o efeito aqui desejado. A insinuação, a intriga, o boato, a ironia de virtudes, a piada ambígua a puxar para a braguilha: essas sim, têm um efeito demolidor. Por isto: porque transmitem a ideia de que o candidato tem algo de podre, secreto, sórdido, algo oculto que merece vergonha. Aquele candidato é alguém de quem se pode expor vícios.
Ou seja, se o for dito abertamente, o homem é homossexual e não há muito a dizer; mas se o for dito de forma velada, o homem tem algo de sujo e oculto, que permite uma dupla avaliação do seu carácter. É este o jogo que um partido está a fazer em seu benefício.
É desnecessário dizer que tudo isto é sórdido. Mas vou dizer à mesma. Tudo isto é do mais degradante que se pode trazer para o debate político. É degradante do ponto de vista político e do ponto de vista pessoal.
Mas, note-se bem!, não é novo. Um ilustre político, a certa altura, acabava os seus comícios a dizer que «nós, quando saímos daqui, vamos para casa ter com as nossas legítimas mulheres». Talvez hoje já ninguém se recorde dessa insigne página.
É, aliás, por isto que Eça dizia que as senhoras de Lisboa já não recebiam políticos «por terem nojo». É por tudo isto.
Jagoz | segunda-feira, janeiro 31, 2005 | |
Nos 60 anos do fim do holocausto...
O trabalho liberta...
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 29, 2005 | |
O massacre eleitoral
Depois de 20 de Fevereiro, apenas um ficará...
O nosso PR pede moderação na campanha eleitoral. Não obstante a descida de temperatura nacional, a campanha está muito quente: desde a colocação de narizes encarnados em todos os cartazes da capital (menos os da CDU!!!) até às indirectas sobre pretensas cobardias dos líderes concorrentes quanto a debates eleitorais. Poderá a campanha descer ainda mais de nível? Onde está a discussão de temas relevantes para a sociedade?
Guilherme Oliveira Martins | terça-feira, janeiro 25, 2005 | |
Encontrado na arca 15 (continuação do Jansenista)
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 22, 2005 | |
O Sétimo Selo
Det Sjunde inseglet (1957), Ingmar Bergman
"Quando Ele abriu o sétimo selo, fez-se no Céu um silêncio de cerca de meia hora. Depois vi os sete anjos que estavam diante de Deus e foram-lhes dadas sete trombetas. Veio então outro anjo com um incensário de ouro e pôs-se junto do altar. Entregaram-lhe muitos perfumes para que os oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E o fumo dos perfumes subiu da mão do anjo, com as orações dos santos, até diante de Deus. Depois, o anjo tomou o incensário, encheu-o com o fogo do altar e lançou-o sobre a terra: houve vozes, trovões, relâmpagos e terramotos. Os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se, então para tocar" (Apocalipse 8, 1-6)
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 22, 2005 | |
Facing facts
As eleições iraquianas são tema de longas discussões. E bem. A minha opinião (resumida) é a de que nem por sombras se deve suspender o acto eleitoral. A correcção desta opção afere-se pela inexistência de outra que seja viável. Enunciemos a opinião oposta:
1. Os iraquianos xiitas querem eleições;
2. Os iraquianos sunitas não querem eleições;
3. Os iraquianos sunitas cometem atentados contra os iraquianos xiitas para impedir as eleições;
4. As NU não deviam realizar as eleições enquanto houver atentados.
De onde eu venho, isto chama-se capitular. Na sua bondade, o argumento diz: «não deve haver eleições porque não há condições. O eleitor iraquiano não será livre, o seu voto não será livre, porque está a ser coagido pelos atentados». Sucede que o atentado não se destina a direccionar o voto. Destina-se a impedir o voto. Votar é vencer o terrorismo. Votar é libertar-se.
PS - Ora ainda bem que o nosso Governo não se lembrou de fazer atentados. Teríamos a pátria intellegentsia de esquerda a clamar pelo adiamento do acto eleitoral. Ou se calhar não, neste caso...
Jagoz | sexta-feira, janeiro 21, 2005 | |
Pirro
Apresentando o A380 às massas, Tony Blair disse que o projecto é um símbolo do poderio económico europeu -- na verdade e implicitamente, da União Europeia. Em bom rigor, Tony Blair tentou «colar» o trajecto do projecto Airbus -- crescendo e ultrapassando os concorrentes americanos e europeus em todos os campos -- ao trajecto da economia da União e da própria União.
Bonito. Mas falso. Todos os dados estatísticos apontam que o crescimento das economias americana, japonesa, chinesa e indiana é (e será) superior ao da europeia. Mais: é consabido que a economia europeia tem problemas estruturais muito próprios que lhe tiram fôlego nesta maratona. Nomeadamente: a situação de quase-catástrofe dos sistemas de segurança social (abordada pelo JZM ali em baixo); sistemas fiscais pouco apelativos; regras laborais claramente desvantajosas, na óptica do empregador; inexistência de mobilidade profissional; empobrecimento da qualidade dos altos quadros públicos e privados e das universidades; inexistência de uma estrutura política de integração que aborde o fenómeno económico como um todo europeu; inexistência de uma política externa e militar concebida em função da economia europeia vista como um todo. Resta dizer que os nossos concorrentes não têm estes problemas.
Por isso, o futuro não é risonho. Não estamos na «crista na onda». Estamos em queda e, se quisermos sobreviver, temos de perceber que o tempo é de recomeçar de novo antes que seja tarde demais. É tempo de compromissos e de sacrifícios.
PS - Ainda não percebi o porquê de não ser «Anthony» Blair. Porquê «Tony»? Porquê 'Tóino? Not very proper.
Jagoz | quarta-feira, janeiro 19, 2005 | |
O que nos espera: réplica...
Lamento, mas não posso deixar de discordar, respeitosamente, com as
afirmações do venerável irmão António da
Grande Loja. Senão vejamos:
1) Quanto à redução nos escalões de IRS - foi um erro político, mas as expectativas geradas para o ano de 2005 estão já delineadas - fará sentido alterar/aumentar os escalões de IRS a meio do ano? Na liquidação, que taxas aplicar, sem lesão das legítimas expectativas dos contribuintes?
2) Sobre a manutenção do corte nos benefícios fiscais - a extrafiscalidade (excepcional) dos benefícios fiscais evidencia a sua temporalidade! Será que o benefício fiscal mantém a sua natureza se perdurar mais de 5 anos? Sobre este assunto ler o artigo 14º, n.º 1 da Lei Geral Tributária e retirar ilacções quanto ao prazo de 5 anos de duração (mínima/máxima) dos benefícios fiscais.
3) O pleno emprego é prejudicial à economia? Não partilho dessa opinião, no pressuposto que existe um nível de desemprego que não é acelerado pela inflação (a NAIRU, ou melhor, a taxa natural de desemprego) que representa a eficiência macroeconómica, ou seja, a coincidência entre o PIB real e o PIB potencial.
4) Algo útil para compreensão do incentivo à competitividade empresarial é a nova teoria dos três diamantes do bem estar, na qual se evidencia a necessidade de o Estado conjungar a organização empresarial, políticas de produtos segmentadas, forma de implantação, parcerias estratégicas, adaptação às condições locais, tendo em vista a eficiência das políticas de gestão empresarial e, consequentemente, a criação de novos postos de trabalho (e porque não os 75.000?). Teoria? Não apenas, porquanto o Estado deve tomar consciência que os velhos instrumentos macroeconómicos financeiros e monetários estão ultrapassados, porque dominados por entidades supranacionais.
Guilherme Oliveira Martins | terça-feira, janeiro 18, 2005 | |
Happy Birthday
Happy Birthday Mr. Churchill!
Guilherme Oliveira Martins | terça-feira, janeiro 18, 2005 | |
Derrida, Sokal e etc. (Re:Re)
Caro Impecável JZM,
Recebi a tua resposta. Pensei, por momentos, que fosses explicar como é que certa «filosofia» sobreviveu ao «caso Sokal». Debalde.
Em todo o caso, e para não radicalizar o assunto, reproduzo as palavras de Popper acerca de Habermas -- aplicando-as mutatis mutandis a Derrida:
«Acho difícil debater qualquer problema sério com o Professor Habermas. Tenho a certeza de que é perfeitamente sincero. Mas penso que não sabe como colocar as coisas de modo simples, claro e modesto, em vez de um modo impressionante. A maior parte do que diz parece-me trivial. O resto parece-me errado» (Mito do Contexto).
Jagoz | segunda-feira, janeiro 17, 2005 | |
Viva Sokal (o Impecável em contraditório)
Ali em baixo, o Impecável JZM mencionou Derrida. Mais: abordou (em jeito de louvor) o «neo-estruturalismo francês». Está no seu direito, claro. Mas para evitar aborrecimentos com outros amigos meus, tenho é de esclarecer que essa é a opinião do JZM e não a minha. Derrida e quejandos foram (e são) uma poluição obscurantista no pensamento filosófico e científico. Basta dizer que, na sua tese, o homem não morreu; poderá ter-se desconstruído (se é que existia neste mundo -- se é que este mundo existe -- se é que a palavra «mundo» existe; e por aí fora...).
PS - Como é possível, JZM? Depois de se ter mostrado que o rei ia nu?..
Jagoz | segunda-feira, janeiro 17, 2005 | |
Modelos de cartazes de campanha...
Já que está muito na moda a apresentação de cartazes de campanha com a família política, aqui ficam algumas sugestões, porque o passado é o nosso melhor ensinamento:
Que líderes escolher? Não há melhor...
Uma campanha mais formal...
E porque não um político a cavalo?
Uma trupe de líderes mais informal...
Guilherme Oliveira Martins | segunda-feira, janeiro 17, 2005 | |
Estátuas equestres: Pedro O Grande (São Petersburgo)
Pedro o Grande, em frente ao Castelo Mikhailovsky (São Petersburgo)
Estátua erigida em 1800, de acordo com o projecto do renomado escultor italiano Carlo Rastrelli, finalizado antes de 1725 (ano do falecimento de Pedro O Grande). O monumento foi executado em bronze e está sobre um pedestal em mármore, no qual se retratam as batalhas de Poltava (1709) e de Hango (1714), nas quais o referido imperador venceu o exército sueco, com a ajuda da Finlândia.
Este exemplar foi retirado do local durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto durou o cerco alemão. O monumento foi restaurado e colocado no local original em 1945.
Guilherme Oliveira Martins | segunda-feira, janeiro 17, 2005 | |
"Gratiae invisibilis visibilia signa"
Holbein, "The Ambassadors"
O enigma de Holbein está no chão representado no quadro - o chão da Abadia de Westminster,- que representa a cruz de David, e que é muito similar ao padrão da capela Sistina, salvo a caveira tridimensional evidenciada...
Guilherme Oliveira Martins | domingo, janeiro 16, 2005 | |
O Eu...
Lost Highway, 1997
"Alles Verg�ngliche
Ist nur ein Gleichnis;
Das Unzul�ngliche,
Hier wird's Ereignis;
Das Unbeschreibliche,
Hier ist's getan;
Das Ewigweibliche zieht uns hinan."
(Chorus Mysticus, Goethes Faust)
Quem sou EU e o que faço? Faço por viver ou vivo para fazer? Será que cada acção define o EU, ou sou EU que define o meu agir? Cada dia que passa gera um novo EU. No entanto os dias passam e o meu EU cresce, erra, acerta, experimenta, para depois no fim descobrir que só sou EU, porque os outros assim o reconhecem, ou não...
Guilherme Oliveira Martins | domingo, janeiro 16, 2005 | |
Always somewhere
Depois de praticar escalas pentatónicas na minha guitarra eléctrica, nada melhor do que recordar os meus encontros e desencontros da adolescência, bem retratados, na também letra da minha juventude, pelos germânicos "Scorpions":
"Arrive at seven the place feels good
No time to call you today
Encores till eleven then Chinese food
Back to the hotel again
I call your number the line ain't free
I like to tell you come to me
A night without you seems like a lost dream
Love I can't tell you how I feel
Always somewhere
Miss you where I've been
I'll be back to love you again
Another morning another place
The only day off is far away
But every city has seen me in the end
And brings me to you again
Always somewhere
Miss you where I've been
I'll be back to love you again"
Guilherme Oliveira Martins | domingo, janeiro 16, 2005 | |
O Governo da Incubadora e a crueldade dos colegas
Jean Pierre Léaud na pele de Antoine Doinel...
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 15, 2005 | |
Pergunta pertinente e verdade muito pouco fácil!
O descanso dos guerreiros...
Leio e releio os mapas do OE para 2005 e, à semelhança do ano passado, fica uma questão a que não consigo responder: Porque razão o Ministério da Defesa Nacional tem orçamentada despesa para o Gabinete dos membros do Governo no valor de 159.351.982,00 Euros, enquanto que a média de gastos de um Gabinete de qualquer outro Ministério ronda os 4.000.000,00 Euros?
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 15, 2005 | |
Verdades fáceis: réplica...
Em resposta à
Grande Loja do Queijo Limiano (ver
este post, e os seus intermináveis comentários) aqui vão duas verdades fáceis (provocatórias):
1) "
A budget tells us what we can't afford, but it doesn't keep us from buying it" (William Feather);
2) "The budget evolved from a management tool into an obstacle to management" (Charles Edwards).
Para quê preocuparmo-nos com a redução da despesa? Como o nosso camarada Irreflexões refere, há níveis de despesa impossíveis de conter (despesa com pessoal e despesas sociais). Negar a despesa significará negar o Estado Social em que estamos inseridos!
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 15, 2005 | |
Receitas e Despesas pela Europa...
Fonte: Public Finance in EMU (2004)
Não estamos sós! Contam-se pelos dedos os países da UEM que apresentam as contas equilibradas (consulte-se o quadro acima).
No caso português a evolução da despesa é mesmo no sentido do crescimento. Repare-se que as previsões da OCDE apontam para um défice próximo dos 3,9 % do PIB em 2006. Nessa altura as medidas extraordinárias serão evidentemente mais escassas e, infelizmente, não temos os fundos do Plano Marshall que a Alemanha ainda dispõe e orçamenta anualmente.
Guilherme Oliveira Martins | sexta-feira, janeiro 14, 2005 | |
Grito de súplica...
"The Tenant" (1976), Roman Polanski
Mais uma recessão mundial que se avizinha? Resta-nos gritar e recear o suicídio da comunidade económica e política...
Guilherme Oliveira Martins | segunda-feira, janeiro 10, 2005 | |
Estátuas equestres: Princípe Eugénio de Sabóia (Budapeste)
Este exemplar da estatuária foi erigido em 1900 e comemora a batalha de Zenta (1697), que representou a vitória militar decisiva dos austríacos (aliados aos polacos, russos e venezianos) sobre o exército otomano.
O Princípe Eugénio liderava as tropas austríacas e monta aqui um belo exemplar equestre. Em posição de ataque o cavaleiro conforma a colocação do cavalo, que está parado e atrás da mão. O cavaleiro parece que perde equilíbrio, mas a posição assim o obriga.
Guilherme Oliveira Martins | domingo, janeiro 09, 2005 | |
Morangos Silvestres ou o regresso ao passado...
"Hoje sonhei que estava numa rua deserta. Passeava descontraído quando vejo passar uma carrinha funerária transportada por dois cavalos negros, sem condutor. A carrinha parte-se em dois e os cavalos fogem deixando para trás a urna. Vejo uma mão saída da dita urna e qual não é o espanto que detecto que essa mão... é a minha".
Não, este não foi o meu sonho, foi o sonho de
Isak Borg, um conceituado Doutor que está prestes a ser jubilado em Lund. Não é preciso, porém, estar no fim da vida para recordar os tempos passados. Basta referir que é mais fácil reviver os tempos passados do que reler/rever uma obra literária/obra de arte, porque estas representam a eternidade...
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 08, 2005 | |
Recados para o novo Governo: aumentar a receita ou reduzir a despesa?
1. É muito difícil falar em redução da despesa pública se pensarmos em duas das suas vertentes: a despesa social e a despesa corrente primária.
A despesa social é uma das prerrogativas existenciais do modelo de Estado em que vivemos, com tarefas definidas, que extravazam a mera garantia da segurança nacional, própria de um Estado Liberal oitocentista.
A despesa corrente primária representa, pura e simplesmente, a existência de um Estado, que pratica actos próprios como entidade personificada e que modifica as suas opções consoante o tipo de circunstância com que se depara.
2. Presentemente, a sustentabilidade de médio e de longo prazo das finanças públicas portuguesas está totalmente dependente dos compromissos assumidos no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ou seja, da convergência das políticas financeiras para o défice zero, com consequências negativas no crescimento económico de cada um dos países europeus. Actualmente faz mais sentido defender perante as instâncias comunitárias uma revisão do PEC, promovendo a substituição da obrigatoriedade de prossecução de políticas de défice zero pela necessidade de tolerância de níveis orçamentais deficitários, desde que uniformes e constantes, em nome do funcionamento dos multiplicadores do investimento e da despesa.
Aliás, a recente revisão da Lei de Enquadramento Orçamental (Lei 91/2001, de 20/8), em finais de Agosto de 2004, veio consagrar a necessidade de revisão interna do Programa de Estabilidade e Crescimento pelo Governo e pela Assembleia da República.
3. O nível do défice português de 5% por referência ao PIB, descontadas as medidas extraordinárias adoptadas não é totalmente preocupante, porquanto representa a necessidade de o Estado prosseguir as suas tarefas. Repare-se que na década de 80 e inícios de 90 os níveis do défice das contas públicas eram muito superiores, sem que isso, no entanto, não impedisse a manutenção de um nível de crescimento económico nacional.
Não obstante, as políticas deficitárias para serem eficientes têm de estar inseridas no orçamento elaborado numa lógica de gestão por objectivos e não num mero orçamento circunscrito aos problemas anuais, isto é, um orçamento de caixa. A gestão por objectivos exige, porém, a elaboração de orçamentos plurianuais, muito para além dos mapas XV a XVII da nossa Lei do Orçamento que, alternativamente, encarem as despesas:
a) numa perspectiva rígida, propondo políticas concretas a serem executadas num período pré-definido de anos;
b) numa perspectiva deslizante, sem necessidade de proposta de políticas concretas, mas projectando em períodos de anos identificados (de 3 em 3 anos, por exemplo) os resultados das políticas financeiras, tal e qual como vem sucedendo com o modelo financeiro espanhol e francês.
4. Finalmente, para aumentar a receita faria todo o sentido o Estado intensificar as relações com os contribuintes:
a) pela maximização do princípio da equivalência, visível através de tributos no qual resulte uma reciprocidade de prestações (como as taxas);
b) pela solidificação de um conjunto de incentivos fiscais contratuais (como aqueles que existem relativamente ao investimento estrangeiro), substituindo, assim, o sistema de benefícios fiscais automáticos e dependentes de reconhecimento administrativo, que só vêm complicar o sistema fiscal, contrariando a possibilidade de planificação prévia pelo contribuinte.
Guilherme Oliveira Martins | sexta-feira, janeiro 07, 2005 | |
2005 em perspectiva...
Boas teorias:
«Não quero dizer que a monotonia tenha algum mérito em si mesma; quero somente afirmar que algumas coisas boas não são possíveis senão quando há um certo grau de monotonia» (Bertrand Russell).
«Face a qualquer acção, pondera os antecedentes e as consequências, e só depois, mas só depois!, começa a executá-la. Caso não procedas assim, grande será o teu ânimo no começo, dado que não cuidaste das dificuldades que a seguir se apresentam. Tempo depois, quando essas dificuldades, uma a uma, se apresentarem, abandonarás a tua tarefa de maneira vergonhosa» (Epicteto).
Como arrancou 2005:
«Deveríamos ponderar a possibilidade de independência para a Madeira», sustenta Manuel Monteiro, em declarações ontem publicadas no "Diário de Notícias" do Funchal.
Pôncio Monteiro é o n.º 2 da lista de candidatos à Assembleia da República do PSD pelo distrito do Porto.
Jagoz | segunda-feira, janeiro 03, 2005 | |
Guerra dos Impostos ou Impostos de Guerra?
Magic The Gathering
Mais um ano decorrido - mais um ano de caducidade de liquidações não efectuadas de impostos. A evasão e/ou o desleixo da Administração Tributária na liquidação e cobrança de impostos está para ficar. É a guerra entre os contribuintes avarentos e a Administração sedenta de receitas...
Não seria melhor antes criar um tributo sobre esta guerra em vez de fomentar a guerra na busca de liquidações e cobranças efectivas?
Guilherme Oliveira Martins | domingo, janeiro 02, 2005 | |
Estátuas equestres: Erzherzog Karl (Viena)
Estátua do Arquiduque Erzherzog Karl na Heldenplatz em Viena
Esta estátua tem aproximadamente 12 metros de altura, é feita de bronze com espessura de 30 milímetros. É uma das únicas estátuas do mundo na qual o cavalo executa uma levada, isto é, fica suspenso no ar pelas duas patas anteriores.
O cavalo é um Lippizaner, de origem predominantemente andaluza criado na Áustria (Lipizza) desde o século XVI. Esta raça é a montaria da famosa Escola Espanhola de Montaria de Viena, fundada em 1758 "para a educação da nobreza na arte da equitação".
Este exemplar da estatuária equestre, no entanto, tem causado alguns problemas aos restauradores, porquanto requer uma supervisão exigente e atenta, dada a posição em que foi elaborada.
Guilherme Oliveira Martins | sábado, janeiro 01, 2005 | |